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Iago Portes

Produtividade: pressão ou processos?

Você já ouviu aquela frase: "Tem que cobrar, botar pressão, porque é assim que as pessoas rendem!"?


Em muitas empresas, esse tipo de mentalidade ainda prevalece. Acredita-se que, ao colocar pressão sobre a equipe, os resultados melhoram e a produtividade aumenta. Mas será que essa abordagem realmente funciona?


Na verdade, pressão pode gerar uma falsa sensação de produtividade, especialmente em organizações que ainda não possuem processos maduros. Pressionar pode, sim, resultar em entregas rápidas, mas isso não significa que elas sejam eficientes ou sustentáveis. Empresas que acreditam que a pressão é a solução para aumentar a performance estão, na verdade, mascarando um problema muito mais profundo: falta de sistemas e processos bem estruturados.




A ilusão de produtividade sob pressão


Vamos imaginar um cenário comum: o gestor de uma empresa solicita a um colaborador que resolva um problema urgente. A demanda vem sem uma explicação clara do que é esperado em termos de prazo ou qualidade, e o colaborador, sob pressão, finaliza a tarefa rapidamente. Para o gestor, a impressão que fica é de que a pressão gerou o resultado desejado. No entanto, esse efeito é temporário e superficial.


Sem indicadores de desempenho claros, padrões de qualidade estabelecidos e expectativas objetivas, não há como medir se a entrega foi realmente eficaz. O resultado pode parecer satisfatório no curto prazo, mas dificilmente será sustentável ou repetível. A empresa acaba gastando mais tempo e recursos corrigindo falhas, retrabalhando processos ou enfrentando problemas maiores causados por essa falta de estrutura.


A verdadeira produtividade está nos processos


Agora, vamos pensar em um ambiente com processos bem desenhados. Nele, o colaborador sabe exatamente o que precisa ser feito, como será avaliado e qual o prazo esperado. Existe uma estrutura clara que direciona a execução das atividades e define as metas a serem alcançadas.


Nesse ambiente, em vez de pressão, o que guia a equipe é o accountability — ou seja, cada colaborador entende suas responsabilidades e se compromete com os resultados. Accountability cria um senso de propriedade sobre as tarefas, fazendo com que as pessoas se sintam motivadas e responsáveis por suas entregas.


Exemplo prático: Imagine uma equipe de atendimento ao cliente que possui processos bem estabelecidos. Eles têm fluxos de trabalho e metas claras de tempo de resposta e qualidade, além de indicadores que monitoram a satisfação do cliente. Quando um problema surge, os colaboradores sabem exatamente como agir, porque o sistema de processos dá suporte a cada etapa. O resultado? A produtividade é consistente, os problemas são resolvidos de forma eficiente, e a satisfação do cliente aumenta. Não foi necessária pressão para que o trabalho fosse bem feito, mas sim um processo eficiente que todos seguem e compreendem.


Accountability e a diferença nos resultados


Accountability é a chave para a produtividade sustentável. Ela permite que os colaboradores tenham a autonomia necessária para executar suas tarefas sem a constante intervenção do gestor. Quando existe um sistema de processos eficaz, as expectativas estão claras e cada pessoa entende seu papel no resultado final. Nesse ambiente, a pressão é desnecessária. As pessoas sabem o que precisam fazer e como serão avaliadas. O foco, então, deixa de ser o esforço e passa a ser o resultado.


Essa abordagem cria uma cultura de melhoria contínua, em que os processos são revisados e otimizados com base em dados reais e métricas claras. A pressão se torna obsoleta, substituída por um ambiente onde cada um assume a responsabilidade por suas tarefas e busca entregar o melhor resultado possível. Isso não só aumenta a produtividade, mas também melhora o clima organizacional e o engajamento da equipe.



 

Empresas que ainda utilizam a pressão como principal ferramenta de produtividade estão apenas mascarando os verdadeiros problemas: falta de processos estruturados, ausência de indicadores claros e baixa accountability.


A verdadeira produtividade vem de sistemas e processos que funcionam, onde as expectativas são claras e as pessoas sabem o que se espera delas. Quando bem desenhados, esses processos eliminam a necessidade de microgerenciamento ou cobranças excessivas. Cada colaborador assume a responsabilidade por suas entregas, criando uma cultura de accountability que impulsiona a eficiência e a qualidade.


No fim das contas, produtividade não é sobre trabalhar mais sob pressão. É sobre trabalhar de forma mais inteligente, com processos que funcionam e permitem que todos façam o melhor trabalho possível. Quando o foco está em construir sistemas eficientes, os resultados são naturais e sustentáveis — e a pressão desnecessária fica para trás.

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